Feliz 2020! Que você consiga a sua casa amarela!

Eu sempre pensei no futuro. Isso não quer dizer necessariamente planejar o futuro.

Eu sempre pensei no futuro do jeito que todo mundo pensa: em termos financeiros. Do jeito que nossos pais pensam, do jeito que nossos avós pensaram e assim por diante.  O objetivo é a segurança financeira.

E isso me faz lembrar minha bisavó, que morreu com mais de 100 anos – e que eu tive a sorte de conhecer. Era uma velhinha danada de forte e brava que só ela. Também não era de se esperar menos, pois os tempos dela eram de desbravar terras desconhecidas. Algumas dessas histórias ela nos contava enquanto estávamos ao redor de uma fogueira noite adentro na fazenda onde ela morava.

Um dia, visitando uma vilazinha perto da fazenda, passamos por uma casa linda, imponente, amarela.  Ela olhou bem para a casa e disse: “eu ainda vou ter uma casa como essa”. Aquilo me chamou a atenção, pois minha bisavó já estava nos seus setenta e poucos. A questão toda é que eu acreditei que ela iria ter uma casa como aquela um dia.

Anos depois, pensando no desejo da minha bisavó, me dei conta de que o desejo dela não tinha se concretizado. E fiquei com muita raiva. Raiva porque eu continuava a acreditar que bastava você querer para as coisas acontecerem. E se ela não tinha conseguido, eu também não iria conseguir as coisas que queria.

Passada a raiva veio a frustração. Então resolvi esquecer o assunto e seguir meu caminho.

Acontece que meu caminho sempre passava por pontos de checagem que me faziam voltar ao assunto da casa amarela. Até que um dia falei para mim mesma: “certo. Vamos resolver essa questão da casa amarela de uma vez por todas!”. E a primeira coisa foi entender por que o desejo da minha bisavó não tinha chance de se concretizar.

Eu estava determinada a descobrir e, como um Sherlock Holmes caseiro, comecei a avaliar as “evidências” e a descartar as falsas.

Idade: Falsa!

Não ter dinheiro: Falsa! (falsa???)

E continuei com essa avaliação. Já não sabia mais onde analisar quando me deu um estalo e veio à minha mente uma expressão caipira para insight ou epifania.

A família tinha uma pequena olaria, na época, que supria as necessidades básicas. Ela poderia reunir a família e compartilhar os desejos delas, conseguir apoio para o sonho da casa amarela.

Minha bisavó podia não saber, mas ela tinha todos os elementos necessários para conseguir dinheiro. Mas faltava estratégia e planejamento.

Eu nunca quis “incriminar” minha bisavó, evidentemente. Dizer que a culpa era dela. Longe de mim esse tipo de pensamento. Quando me frustrei, culpei tudo e todos, menos ela.

Minha bisavó tinha muita garra e disciplina para sobreviver naqueles tempos difíceis. Estava vivendo a vida do jeito que sempre conheceu. Afinal, ela não tinha todo o conhecimento necessário para ir além do desejo. E nem tinha todos os recursos disponíveis, porque talvez eles nem existissem naquelas paragens. Tinham de ser conseguidos de forma artesanal, rudimentar mesmo.

Muito diferente dos recursos que temos nos dias de hoje.

A bem da verdade, os recursos estão sempre por aí, à nossa disposição, a gente é que não os enxerga, não repara neles. Pode ser que a gente tropece neles e ainda assim não saibamos a utilidade deles.

Sabe por que a gente não sabe utilizá-los? Porque não os vemos com os olhos do futuro.  E o futuro só pode ser desenhado com estratégia e planejamento a respeito de onde queremos chegar.

Moral da história: tenha um objetivo em mente, estude, saiba tudo sobre o seu objetivo, desenhe estratégias para conseguir os recursos necessários e planeje como fazer, passo a passo.

Foi assim que eu fiz quando entendi que a realização de nossos sonhos depende na maior parte das vezes de nós mesmos. Mas precisamos estar conscientes das nossas limitações e o que podemos fazer para ampliar nossos recursos.

Tudo recheado com muita força de vontade, disciplina, estratégia, planejamento e a crença de que tudo vai dar certo. E olhos no futuro.

Deixa-me lhe contar uma coisa: o tempo é feito de um dia que, juntos, formam um mês que, juntos, formam um ano. E o que acontece entre eles é você construindo o futuro.

Agradeço demais à minha bisavó por ser uma mulher de fibra, guerreira e visionária, que me ensinou muitas coisas.

Eu ficaria feliz demais se pudesse ter ensinado a ela estratégias e planejamento para que tivesse conseguido sua casa amarela.

Mas o importante mesmo é que, agora, com certeza, ficarei feliz por ajudar você a desenhar o seu futuro e alcançar seu objetivo: a sua casa amarela.

Feliz 2020!

2020 Deborah Perrone. Todos os direitos reservados